Primeiro sobre o nome do Pré-assentamento que é o mesmo nome da Regional?


Assim que as famílias estavam articulando para ocupar a Fazenda Tamburi, município de Encruzilhado-Ba ocorreu o falecimento de Dona Lindaura, mulher guerreira, contribuiu na fundação do PT, da CUT (STR), era da CEB's, e na vinda do MST para a região contribuiu e participou de todas as ocupações (5). Em 2003 o MPA chegou no município de Encruzilhada e Ribeirão do Largo (na formação dos Grupos de Base) e Dona Lindaura contribuiu com a chegada do movimento. a 1ª reunião foi em sua casa. Para articular as comunidades Dona Lindaura era a ponte para que a coordenação do MPA pudesse chegar às comunidades. Com isso no dia 04/10/2005 Dona Lindaura veio a falecer com um enfarte fulminante. E Com isso podemos lembrar-nos da sua luta homenagiando, dando ao Acampamento que à três meses depois de sua morte foi montado.


Objetivo
O município de Encruzilhada é um município com 22 mil habitantes, com 2002 Km², com um território de aproximadamente 240 mil hectares. Um município que há 14 anos tinha 15 mil hectares ocupados com café, 25 mil hectares com mandioca e o eucalipto estava chegando naquele momento com aproximadamente mil hectares vindo do Norte de Minas e extremo-sul e Sul da Bahia.

Nos últimos 5 anos ficou completamente invertido a situação no município. A ocupação do café foi para 20 mil hectares, a mandioca caiu para 15 mil hectares e o eucalipto para 30 mil hectares. A forma de como o eucalipto chegou expandiu rapidamente no município e nas caladas, e não foi diferente como em outras regiões da Bahia. Chegou praticamente expulsando os camponeses (as) de suas terras e fazendo com que estes saíssem de suas propriedades e irem para as pequenas cidades da região, pois o pouco que ganharam mal deu para comprar um barraco, e assim contribuindo para formar as pequenas periferias que hoje existe na Própria cidade de Encruzilhada, seu Distrito de Vila do café e demais cidades vizinhas como Ribeirão do Largo, Mata Verde, Divinópolis, Cândido Sales e outras cidades mais.

Chegou também degradando praticamente o meio ambiente através das grandes derrubadas de reservas que existem no município.

O motivo da ocupação da área do Tamburi (hoje Pré-assentamento Lindaura) se deu pelo fato de: a reforma agrária tem que fazer. A concentração de terras não pode continuar da forma como está sendo conduzida, e ainda mais pelo controle de uma empresa: “A Aracruz celulose”, “Veracel”. E a ocupação era pensando em dois casos. Terra para os expulsados de suas terras e a luta contra o impedimento da expansão do eucalipto.

O conflito se deu através da ocupação da Fazenda Tamburi, onde inicialmente as famílias das comunidades de Vila Bahia (Grupo de Base do MPA e Associação),Mata Verde-MG, Prata(Grupo de Base do MPA - Ribeirão do Largo) e Entroncamento de Divisópolis onde começaram a fazer debate sobre o avanço do mono cultivo do eucalipto na região. Tivemos longos debates onde o CEAS - Centro de Estudo e Ação Social, contribuiu bastante no processo de formação. E nesse debate as lutas necessárias para irem de confronto com a monocultura de eucalipto foi a ocupação das terras. Foi na qual as famílias das comunidades envolvidas teve uma proposta de ocupar a Fazenda Tamburi, com uma área territorial de 2270 hectares, com apenas a pecuária presente na área. Foi então que no dia 10/01/2006 montamos acampamento. Ficamos à margem da estrada, fora da fazenda. E tudo se dando através da não ocupação diretamente. 1º pelo fato de não ser experiente na ocupação, pois foi a primeira ocupação feita pelo grupo, e depois por aquela situação que foi criada por lei de: “todos aqueles que ocuparem qualquer propriedade particular, o processo pára por um período de dois anos”.

Após um ano de beira de estrada, foi que ocupamos a fazenda Tamburi, ou seja, entramos pra dentro da propriedade. Pois pensamos na questão de: se a gente realmente não ocuparmos vão aparecer outros que ocuparão. Na verdade o conflito não aconteceu diretamente com o latifundiário em si. Aconteceu de forma direta impedindo a empresa comprar a terra para o plantio de eucalipto.

Entramos na madrugada do dia 05/12/2006 e tudo aconteceu de forma tranqüila. Na qual estamos até hoje. Sem desapropriar ainda, apenas com algumas pendências como: a reavaliação da propriedade, a situação do passivo ambiental, mas já estamos dividindo lotes para que possamos dar a ela o real sentido do conflito e a real função, que é terra para a produção de alimentos. E toda essa produção que produzimos é para o auto-consumo apenas por enquanto.

A produção existente na área é: feijão, milho, mandioca, abóbora, melancia, amendoim, batata-doce, alface, cebola. E mais a criação animal: galinhas, porcos, cabras e vacas. Essa é a real situação do Pré-assentamento Lindaura Lacerda, onde aproximadamente 85 famílias garante a sustentabilidade das dos(as) próprios(as) acampados(as).

Adenilson de Almeida Amaral
Coordenação do MPA-BA