Mulheres Camponesas
estão em luta e formação política no 12º Acampamento das Mulheres Trabalhadoras
Rurais da Bahia
No compasso da mística e da força
do campo e das florestas, na manhã do dia 17 de março de 2014, ocorreu a
abertura do 12º Acampamento das Mulheres Trabalhadoras Rurais da Bahia, no
Parque de Exposição. Cerca de 500 mulheres - organizadas no Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no Movimento dos Pequenos Agricultores
(MPA), Movimento Estadual de Trabalhadores
Assentados, Acampados e Quilombolas (CETA) e no Movimento dos Trabalhadores
Desempregados (MTD) – participam do encontro para debater as pautas e os
desafios das camponesas.
O primeiro espaço da plenária foi
uma mesa de saudação composta por mulheres representantes dos movimentos sociais de luta
pela terra, além da presença da CESE, da
Marcha Mundial das Mulheres, Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e da
Oposição Operária. As mulheres colocaram as expectativas em relação ao
Acampamento, ressaltando a luta e as conquistas fruto da organização das
mulheres.
Após isso, ocorreu a mesa
“Análise de conjuntura: avanço e desafio das mulheres” composta por Elisabeth
Rocha do MST e Saiane Moreira do MPA. As militantes fizeram uma análise sobre a
vida das mulheres camponesas nos últimos anos, ressaltando os desafios do
enfrentamento ao agronegócio, que cresce no Brasil em detrimento da Reforma
Agrária, que nos últimos anos retrocedeu no país. Os impactos do modelo
destrutivo do agronegócio –monocultura em grandes extensões de terra, uso de
agrotóxico, controle e transgenia das sementes- atinge diretamente as mulheres,
que são 70% da população pobre ou miserável em todo mundo.
Na Bahia existem aproximadamente 4 milhões de
pessoas vivendo no campo e nas florestas, sendo o estado brasileiro com o maior
número de camponesas e camponeses. As militantes reafirmaram o protagonismo das
mulheres na agricultura e portanto também na luta pelo direito de viver e se
desenvolver no campo, com qualidade e soberania.
A tarde, o tema da mesa foi “Autonomia
das mulheres: avanços e desafios” e contou com a colaboração de Edileusa Silva
do IRPA e Nólia, militante do CETA. Nesse espaço as companheiras explanaram
sobre como o patriarcado e o machismo são sistemas de dominação e exploração do
corpo, do trabalho e vida das mulheres, fundamentais para a manutenção do
capitalismo. Edileusa fez a diferenciação das correntes do feminismo,
enfatizando a importância da construção do feminismo socialista, como
fundamental para transformação radical da sociedade. Nólia ressaltou a
importância das políticas públicas voltadas para a melhoria da vida dos
camponeses e camponesas, assim como as políticas específicas para as mulheres,
mas afirmou que são insuficientes e não promovem autonomia.
Outra questão levantada nas
plenárias durante todo o dia foi a violência contra as mulheres, que no campo
se materializa por duas vias: a violência física, psicológica e moral por parte
de maridos, companheiros, parceiros e a violência do agronegócio, que estimula
a divisão sexual do trabalho, a precariedade, o envenenamento da terra, das
águas e do povo.O desafio é que os movimentos sociais encarem a violência
machista como um problema político a ser enfrentado nas bases com as famílias
camponesas e a compreensão de que ela só pode ser interrompida a partir da organização
e formação política das mulheres e dos mecanismos de participação e garantia da
ocupação dos espaços públicos políticos e de decisão pelas mulheres.
Todas puderam discutir em
pequenos grupos sobre as questões expostas e a plenária foi finalizada com
sínteses trazidas pelas camponesas. E mais uma vez, reafirmaram o 8 de março e
todo o mês como um momento de intensificar a luta e o enfrentamento ao capital,
ao agronegócio, ao machismo e todas as formas de opressão contra as mulheres da
classe camponesa e trabalhadora.
Por Coletivo de Comunicação do 12º Acampamento das Trabalhadoras Rurais
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