O terceiro dia de atividades da I Escola Camponesa da Memória trouxe a colaboração de Sérgio Sauer nos debates sobre o regime ditatorial, oficinas de agitação e propaganda, seguidas de um ato de escracho do Coronel Brilhante Usla (Doi-Codi) organizado pelo Levante Popular da Juventude e de um ato público para relembrar as mortes camponesas durante o período da ditadura no congresso que se seguiu até o Superior Tribunal Federal (STF).
Sérgio comenta que ‘ainda hoje no Brasil há setores da elite que afirmam que o golpe trouxe conquistas ao povo brasileiro. Isso é uma mentira’. É impossível considerar avanços em qualquer linha, seja, por exemplo, a econômica ou a social, sob o pretexto de o comunismo trazer a desordem ao país e para sufocar a verdadeira revolução os militares para acabar com o movimento utilizavam de repressão, prisão arbitrária, tortura e assassinato.
Após a colaboração de Sérgio, foram realizadas oficinas de estêncil, pirulitos, batucada, teatro, confecção de faixas e bonecos, que serviram de subsidio para o escracho do Coronel Usla e para os atos públicos de repúdio aos anos de chumbo e memória dos camponeses mortos neste período no congresso e no STF.
O escracho idealizado pelo Levante contou com apoio do MPA e MST e foi realizado em frente à casa do Coronel Carlos Alberto Brilhante Usla, que coordenou mais de 500 sessões de tortura em pessoas contra o regime. Usla é o único a receber condenação pela justiça brasileira, porém continua solto e morando em uma casa de luxo numa das áreas mais nobres de Brasília/DF.
Após o escracho a juventude se deslocou para frente do congresso para o ato organizado pelo MPA, em que foram fincadas 1.196 cruzes em homenagem aos camponeses mortos pela ditadura não reconhecidos pelo estado. Foram reconstituídas cenas de tortura como a da “cadeira do dragão" que era um tipo de cadeira elétrica, eram amarrados fios em suas orelhas, língua, em seus órgãos genitais (enfiado na uretra), dedos dos pés e seios (no caso de mulheres). As pernas eram afastadas para trás por uma travessa de madeira que fazia com que a cada espasmo causado pelo choque elétrico sua perna batesse violentamente contra a travessa de madeira causando ferimentos profundos e de morte de companheiros como a de João Pedro Teixeira, liderança das Ligas Camponesas que moveu milhares de camponeses e camponesas a se levantar contra a ditadura em 64.
Bonecos representado generais torturadores que atuaram durante a ditadura foram queimados e vale uma consideração de que a maioria dos militares que torturam, assassinaram e estupraram durante a ditadura de 64-85 permanecem impunes.
Em frente ao STF, juventude camponesa denunciou os diversos crimes cometidos durante a ditadura militar que 50 anos depois continuam impunes lançando cruzes contra o monumento da ‘Justiça’, que fica cega para os crimes da ditadura. Através de gritos de ordem foi ordenado a Joaquim Barbosa que julgue os crimes cometidos pelo militares contra a população brasileira, pois somente desta forma poderá ter seu nome gravado na história brasileira com um juiz do STF.






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http://www.mpabrasil.org.br/noticias/juventude-como-sujeito-de-transformacao-politico-social
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http://www.mpabrasil.org.br/noticias/juventude-desenvolve-debates-na-i-escola-camponesa-da-memoria
http://youtu.be/qEOUSEvGDU0
Por Comunicação MPA.