Há mais de 8 anos o povo da comunidade de Várzea Queimada,
município de Caém-BA, vem reivindicando do Estado Brasileiro o reconhecimento e
a demarcação do território enquanto quilombola, tendo em vista que essa
comunidade tem sua origem em 1885 através da ocupação do território por negras
e negros que haviam sido torturados e explorados no período da escravidão.
Após muitos anos de luta e pressão social foi com muita mística
e alegria que no dia 20 de Setembro de 2014, o Movimento dos Pequenos
Agricultores (MPA) celebrou a Certificação
Remanescente de Quilombola da Comunidade de Várzea Queimada, mais uma
conquista de direitos, fruto da luta e da organização popular.
A mesa de abertura contou com a participação de Zé de Jesus,
coordenação estadual do MPA e liderança da comunidade, Leomárcio, da
coordenação nacional do MPA, Fábio Santana, representante da Fundação Cultural
Palmares, Abigail, representante da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial
(SEPROMI), Arnaldo Oliveira, Prefeito de Caém, Fábio Queiroz, representante da
Câmera de Vereadores. O ato de celebração contou com mais de mil pessoas, das
comunidades e regiões circunvizinhas.
Fábio Santana, representante da Fundação Cultural Palmares
destacou que das comunidades que ele acompanha na Bahia, Várzea Queimada é uma
das mais organizada, no processo de mobilização social, política e das
manifestações culturais.
O prefeito do município de Caém, Arnaldo Oliveira Filho,
argumentou a importância do trabalho do MPA no município de Caém, diante das
várias conquistas tidas pelo povo, além disso, afirmou que estava aberto para a
parceria e diálogo com a comunidade e com o MPA, na luta por políticas públicas
para a melhoria da vida no campo.
O ato de entrega do Certificado Quilombola foi um momento
marcante que reuniu todos anciões e matriarcas da comunidade símbolo da
sabedoria e da resistência negra e quilombola.
Ao final do ato houve apresentação de algumas manifestações
culturais da comunidade, como a cantiga de roda e o samba de piegas,
característico do Candomblé.
Para Zé de Jesus, coordenação do MPA e liderança da
comunidade, esse momento é um marco histórico na vida do povo de Várzea
Queimada, que abre uma nova consciência para a comunidade, com um novo jeito de
ser e de viver, com a conquista de direitos sociais e reafirmação da Identidade
Negra e Quilombola.
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