A mandinga, a força no gingado, o compasso de uma dança que tem suas raízes na África contagiaram de Axé as atividades do Projeto a Cor da Cultura em Caém Bahia.

O Grupo da Juventude do Quilombo de Várzea Queimada, Caém Bahia, foi convidado pelo Colégio Municipal Padre Alfredo Maasler, para participar do Projeto a Cor da Cultura, “África em Nós”, através da expressão da Dança Afro construída pelas mulheres jovens do grupo. Ao som da banda Ilê Ayê as jovens também se apresentaram no próprio Quilombo de Várzea Queimada.

O Projeto tem como objetivos afirmar a estética, a identidade negra, através do reconhecimento e valorização da cultura de matriz africana, bem como contribuir no debate e reflexão sobre a necessidade urgente de romper o racismo praticado contra as pessoas negras.

O evento contou com a apresentação de outros grupos de dança, poesias negras e quilombolas, roda de capoeira e de Maculelê.  

Sou negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh`alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gongôs e agogôs
Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço
plantaram cana pro senhor de engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu

Depois meu avô brigou como um danado
nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso
Mesmo vovó
não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou

Na minh`alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação (Solano Trindade)