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São Bernardo do Campo, 12 de outubro, 2015, a festa e mística foi o que caracterizou o inicio da noite desta segunda-feira, da Assembleia Nacional da Juventude Camponesa do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Jovens de diferentes Estados do Brasil cantaram e dançaram músicas típicas de suas respectivas regiões, celebrando o início do evento, considerado um marco histórico no processo da construção de um Projeto Popular da Juventude Camponesa com a missão de “semear soberania e fazer revolução”.
O calor transmitido no histórico Pavilhão Vera Cruz em São Bernardo do Campo é típico de uma juventude que milita dia a dia de forma consciente, para assegurar um futuro justo para homens e mulheres do campo, principalmente a juventude: “Queremos mudança na educação, na saúde e exigimos reforma agrária”.
Os participantes da Plenária da Juventude Camponesa deixaram suas roças e viajaram várias horas – até dias –  em caravanas provenientes de 19 Estados do Brasil inteiro, para se unirem a milhares de companheiros e companheiras e juntos articularem ações para o fortalecimento da luta por Soberania Alimentar.
Adivania Santos, uma jovem camponesa da Bahia, viajou mais de 2 mil quilómetros, durante dois dias, para chegar ao Congresso. Tendo se inspirado nos seus pais camponeses na luta pela melhoria de vida das pessoas, Adivania acredita que esta Assembleia é importante pois possibilita a construção de alianças estratégicas entre jovens do país inteiro.
“Preparei-me para vir para a Assembleia e para o Congresso há já muito tempo. Junto com os companheiros e companheiras dos diversos Estados será possível trocar experiências e consolidarmos as ideias. Isso é bom para a nossa luta na Bahia”, disse.
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Somos rebeldes e o capital teme isso
Embora reconhecendo as dificuldades e desafios que as camadas jovens enfrentam no campo, os jovens camponeses estão convencidos de que é preciso continuar a cumprir com o seu papel histórico de construção do Plano Camponês e construção de Aliança Operária e Camponesa.
Segundo Rafaela Alves, do Colectivo da Juventude Nacional, o capital gera lucro e riqueza, mas contribui para a criação das desigualdades na sociedade brasileira. “O Capital quer que sejamos apenas força de trabalho e de consumo. Mas também sabe que nós, jovens, somos rebeldes, temos capacidade, disposição, criatividade e temos sonhos. É isso que faz o capital tremer”, disse Rafaela da Silva Alves, coordenadora do colectivo da Juventude Nacional.
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Desafios da juventude
Vários foram os desafios que os jovens levantaram, nomeadamente a falta a terra, igualdade de género, a manipulação da mídia e a falta de infraestruturas e espaços para atividades pedagógicos, cultural e de lazer no campo.  A falta de emprego, tanto no campo como nas cidades, foi igualmente mencionado como um problema que afecta a juventude brasileira.
Com cerca de 50 milhões de jovens com idade entre 15 e 29 anos[1], as taxas de desemprego têm crescido consideravelmente nos últimos anos no Brasil. Este desafio poderá ser uma oportunidade para a juventude considerar o campo como a alternativa viável para superar a precariedade das oportunidades que a cidade oferece.
Os jovens reunidos correspondem a 60% dos mais de quatro mil delegados do Primeiro Congresso Nacional do MPA que ocorre de hoje até 16 de outubro em São Bernardo do Campo.
Por  Comunicação do I Congresso Nacional do MPA