Entoando o Cântico “Pai Nosso dos Mártires”, deu- se início, hoje 09 de
Março 2016, o Seminário dos/das Trabalhadoras/es do Campo, com o tema "Comunidades Tradicionais e Reforma
Agrária: Memória e Resistência na Defesa da Vida", na Aresol, em Monte
Santo-fBA. A mística de abertura trouxe presente o sentimento e a Memória e
Resistência dos Camponeses lutadores do povo que foram brutalmente assassinados
pelo latifúndio, ao longo desses últimos 30 anos na região de Monte Santo,
Itiúba, Senhor do Bonfim, Várzea Nova, dentre outras áreas do Sertão Baiana. O
encontro conta com a participação de mais de 60 Camponesas e Camponeses, e
representantes dos Movimentos Sociais: CPT, MPA, CETA, Comunidades Fundo e
Fecho de Pasto, PJR, EFASE.
O Seminário surge com a
necessidade premente de refletir sobre a Questão Agrária, reanimar e fortalecer
a organização conjunta dos trabalhadores e trabalhadoras no Território de Monte
Santo, como também lutar contra a inércia dos poderes do Estado constituídos
frente aos atos de violência e violações aos direitos humanos da classe
camponesa e operária.
Nesse contexto, no período
da manhã foi realizada uma Análise de Conjuntura Agrária, no qual os Movimentos
Sociais socializaram sua leitura, desafios e perspectivas da atual realidade.
O companheiro Célio da CPT,
fez memória aos 11 camponeses que tombaram na luta, ele destacou que o processo
de luta pela Reforma Agrária foi intenso, mas também houve um desânimo das comunidades,
por conta dessas perdas e conflitos. Dentro dessa conjuntura, ele ressalta que
os Movimentos Sociais precisam fazer esse trabalho de reanimação das
trabalhadoras e trabalhadores do campo, para enfrentar os grandes projetos do
capital no campo, como a Mineração, Parques Eólicos.
A nível de conjuntura nacional,
Edvagno da Direção Nacional do MPA afirma que estamos vivendo um período muito
difícil e complexo, contextualizado a Crise Mundial do Capitalismo. Ele afirma
que o Brasil é um país rico em recursos naturais (água, terra, minério, Petróleo)
e estão sendo disputados pelo capital agrário. Por isso o Campesinato precisa
cada vez mais reafirmar sua força, pois os Camponeses Historicamente
desempenharam papel de protagonismo e enfrentamento do latifúndio, a exemplo da
Guerra de Canudos e das Ligas Camponesas.
O companheiro Maurício
Correa, da AATR, fez profundo debate da Realidade Agrária na Bahia e no Brasil. Ele afirma que
o sistema capitalista da forma como ele está colocado, tem limites, e quem vai
colocar o limite no capitalismo é a própria natureza, porque a expropriação
exacerbada e o consumismo leva ao esgotamento dos Recursos Naturais. “Aponta-se
que nessa disputa pelos recursos naturais,muito provavelmente nos próximos anos
iremos enfrentar a Guerra da Água.
No contexto da realidade
agrária de Monte Santo, Maurício afirmou que, observa-se que é um município
grande, em extensão territorial, com muita disponibilidade de terra, mas
concentrada na mão de grandes fazendeiros; e o outro elemento é a violência dos
grileiros, bem como a resistência e a luta que foi vitoriosa travada fundamentalmente nos anos
80, pelas Comunidades Fundo de Pasto.
Com muita mística, animação,
debates, diálogos o Seminário segue até a tarde de hoje, dia 10 de Março, onde serão
construídas pelos/as camponeses/as proposições de ações concretas e unificadas
entre os Movimentos Sociais de enfrentamento ao Agronegócio.
Assinaura Dos Contratos do Programa Moradia Camponesa