Nota de repúdio
à ação da Vigilância Sanitária no Distrito do Junco
Existe uma contradição no
sistema de fiscalização dos alimentos. Principalmente, na ação da Vigilância
Sanitária neste último domingo, que apreendeu produção camponesa
de origem animal dentre outros, no
Distrito do Junco-Jacobina.
Os agricultores querem
fornecer seus produtos de
qualidade para população, no entanto, existe a falta de estrutura voltada para
beneficiamento de produtos de origem animal e vegetal para pequenos produtores,
neste sentido, os mesmos ficam forçados a trabalharem na "ilegalidade".
Muitas são as dificuldades
vivenciadas pelos camponeses e
camponesas para produzirem
alimentos. Os subsídios do Estado são insuficientes, como por exemplo, são
apenas 14% dos créditos para agricultura camponesa, além de, muitas vezes, não condizer
com a realidade. Passam por adversidades na venda de sua
produção, ao vender para atravessadores, os camponeses perde parte de sua
renda. Além disso, temos uma legislação que criminaliza a sua produção.
A
legislação exige fiscalizar e se for o caso apreender produtos clandestinos. As
ações da Vigilância Sanitária, neste caso, tornaram-se truculenta e distante da
realidade, quando não levou em conta, a dívida do poder público em fornecer
condições para os pequenos agricultores se adequar.
Observe neste fato: Os
fiscais da ADAB aprenderam mais de três (3) toneladas de carne na manhã
deste domingo, 15 de
maio
no Distrito de Junco, município de Jacobina. Segundo os técnicos da ADAB, “todos os produtos que foram apreendidos são
provenientes de matadouros clandestinos, não tinha nota fiscal e que não havia
passado pelo serviço de inspeção.”
Os produtos aprendidos
foram carnes suínas, carnes bovinas, linguiça, peixes dentre outros. Todos os
produtos foram transportados por caminhonetes da ADAB e também por um caminhão
baú da prefeitura do município de Jacobina. A Ação teve apoio da ADAB,
Ministério Público, Vigilância Sanitária Municipal e também da Polícia Militar.
No decorrer da ação também foram levadas as barracas dos feirantes. Segundo a
comerciante Dona Gê, “esta ação só
prejudica as pessoas mais pobres que dependem de vender seus produtos para sua
sobrevivência.” Nota de um site local.
Ao analisar esse caso,
o que queremos e propomos:
1) Construção
de uma legislação adequada à realidade camponesa, que tenha
unidade nacional e que não criminalize a produção
de alimentos da agricultura camponesa, permitindo a produção, o beneficiamento
e a comercialização de alimentos de origem animal e vegetal, garantindo a
liberdade de produzir, industrializar e comercializar e pondo fim da repressão
estatal sobre a população camponesa.
2) Abaixo a
ditadura dos fiscais e fim da repressão às pequenas e médias agroindústrias.
3) Mudança
na legislação dos fiscais
no sentido de acabar com os superpoderes destes
e criando a função de gestor e orientador agropecuário, para agir
como orientador de boas práticas e não policial repressivo como se faz hoje, assim a função
de fiscal deve ser reordenada apenas para quando houver indício forte de
fraude, crime ou outro tipo de prática ilícita.
4) Garantir
um Programa federal “Um abatedouro por Município”, à disposição da população
camponesa.
5) Legalização
da agro industrialização caseira, comunitária, cooperativa e de micro e
pequenas empresas com reconhecimento de auto declaração.
6) Função
de fiscalização das atividades e empreendimentos da Agricultura Camponesa
passar para o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Se o MDA foi instinto e incluso em
outro devemos colocar qual atual também.
7) Fim da
criminalização das tradições e das práticas camponesas de produção de
alimentos. Moratória de cinco anos para a produção e comercialização livre de
comida camponesa em microescala, até um ajustamento correto da legislação.
“Deixa fazer, deixa vender”.
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