Em tempos
de incertezas decorrentes do golpismo instalado no Brasil, as conquistas dos
trabalhadores estão em constantes ameaças. A Educação Pública e de Qualidade é
uma pauta que se coloca presente na Luta em Defesa da Democracia, em defesa do
país. É importante salientar o quão difícil é ter acesso a este direito pelos
camponeses e pela Classe Trabalhadora.
Segundo o
estudo da Organização Ação Educativa, "Programa Nacional de Educação em
Reforma Agrária em Perspectiva - dados básicos para uma avaliação", em
pleno século XXI as populações do campo permanecem marginalizadas do processo
de escolarização, com acesso restrito mesmo à educação básica.
Quando
existe, a escola do campo é, na maioria das vezes, uma escola isolada, de
difícil acesso, composta por uma única sala de aula, sem supervisão pedagógica,
e que segue um currículo que privilegia uma visão urbana da realidade. "A
má qualidade da educação produzida nessas condições reforça o imaginário social
perverso de que a população do campo não precisa conhecer as letras ou possuir
uma formação geral básica para exercer seu trabalho na terra", diz o
estudo.
Para
pensar em processo de desenvolvimento políticos, econômico e social do país, a
educação deve ser um tema central, está como direito fundamental, pois, a
educação é à base da pessoa, da comunidade e do país. Neste sentido, os
camponeses estarão sempre em luta para ampliação do direito a educação em todos
os níveis, portanto, na luta por uma universidade pública gratuita e de
qualidade.
As
universidades sempre foram espaços elitizados, sempre foi um espaço para
poucos. No entanto, a Classe Trabalhadora como muita luta conseguiu abrir
brechas no latifúndio do saber e conquistar espaços, seja por meio das cotas ou
por programas como PRONERA- Programa Nacional de Educação em Reforma Agrária, entre
outros e garantir o acesso educação para os camponeses e camponesas.
Para
falar mais sobre o tema, o Coletivo e Comunicação do MPA realizou uma entrevista
o jovem camponês do MPA, Enisson Rocha Santos, sobre a importância e a luta
para ingressaram à universidade. Enisson é estudante do Curso Bacharelado
Tecnólogo em Agroecologia pelo PRONERA, em parceria com a Universidade Federal
do Recôncavo Baiano- UFRB, que está acontecendo em Monte Santo na Escola
Família Agrícola do Sertão- EFASE.
Leia a entrevista:
C.MPA: Você
é membro do MPA? Qual é a sua função? Sobre o curso, quando jovens estão
matriculados? Quando são do MPA?
Enisson Rocha Santos: Eu
sou militante do MPA, faço parte do Coletivo de Produção. São 100 jovens
matriculados e do MPA são 19 pessoas, da Bahia são 11 jovens.
C.MPA: Entendendo
as dificuldades enfrentadas pelos camponeses para o acesso a cursos
universitários, o que significa o MPA garantir a graduação neste curso para
jovens camponeses?
ERS: Significa um avanço
muito grande dos camponeses e camponesas e principalmente, do MPA que vem
fazendo luta para garantir esse curso e o direito à Educação, dessa maneira,
vamos ter mais pessoas estudando e defendendo a Agroecologia dentro das Universidades.
O curso teve inicio este ano, no dia 09 de maio de 2016, com aula inaugural no
munícipio de Cruz das Almas na Universidade Federal do Recôncavo Baiano.
C.MPA: Como
jovem, você acha que o MPA incentiva a permanecia de jovens no campo?
ERS:
Incentiva
sim. Por meio do MPA, os jovens despertam politicamente a vontade de permanecerem
no campo, pois, o movimento luta por direitos e espaço para os jovens, desde a
terra, escolas, universidades, cultura/lazer e tecnologias apropriadas para
facilitar o trabalho no campo.
C.MPA: Porque você se interessou por este curso?
ERS: A
Agroecologia é um tema que sempre me interessou e com as formações que
participei pelo e no MPA, me despeitei mais ainda sobre está questão. A
proposta de morar no campo e produzir meu próprio alimento com respeito à
natureza e para isso vou aprimorar meus conhecimentos e aplicar o que aprendi
numa área de terra. Para além de produzir para o próprio consumo, a ideia
também é produzir alimentos saudáveis para quem mora na cidade.
C.MPA:
A Agroecologia é um projeto que afirma a produção de alimentos sem agrotóxicos,
mais que isso, que estabelecer uma relação de produção com a terra levando em
conta as questões sociais, econômicas. Neste sentido, é um projeto antagônico
ao agronegócio. Em sua opinião, o que significa a agroecologia e como os
camponeses trabalha essa questão nos sistemas camponeses de produção?
ERS: Agroecologia
significa ter Soberania, pensar, estudar o que os camponeses fazem há muito
tempo, voltar na história. É refletir sobre o presente e entender que
precisamos contrapor ao agronegócio, e valorizando a vida, a natureza e o ser
humano na terra.
Precisamos
trabalha de várias formas, plantar diversificado, ter respeito à natureza, não
usar veneno, reutilizar todos os restos de culturas como forma de adubo para
não depender do mercado, o trabalho envolve toda a familiar, além de produção
ser para o consumo, se organizar para comercializar por meio de cooperativas ou
em feiras livres.
CMPA:
Como estudante, como você pode contribuir para que os camponeses/as trabalhem a
agroecologia?
ERS: Posso contribuir por
meio de debates, pesquisas e estudos, desenvolvendo práticas agroecológica,
organizando grupos de experimento, contribuir para organização da produção, da
comercialização e fazer luta por direito e justiça no campo.
Por Comunicação MPA
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