16 de outubro é o Dia Internacional de Ação Mundial pela
Soberania Alimentar contra as Empresas Transnacionais (ETNs) organizado pela
Via Campesina, continuamos a luta para acabar com o controle corporativo de
nossos alimentos e à rejeição dos Acordos de Livre Comércio.
Por meio de sua extensa e clandestina campanha de pressão e lobby,
as empresas transnacionais têm posto no lugar dos marcos de políticas públicas,
jurídica, económica e política comercial para legitimar sua avidez por lucros e
a destruição da natureza. Por exemplo, o Sistema de Cortes sobre Investimento
(ICS) ou sobre a Solução de Diferenças Entre Estados (ISDS) e os Tratados de
Livre Comércio (como o proposto no Tratado de Associação e Inversão
Transatlântico [TTIP], Acordos Comerciais e Económicos entre o Canadá e a União
Europeia [CETA], Livre Acordo de Comercio Norte Americano [TLCAN], Tratado de
Associação Transpacífico [TPP], e, a Associação Económica Regional Integral
[RCEP]. Todos favorecem as corporações para avançar e assegurara o controle
total da produção e distribuição agrícola mundial. As patentes e os regimes de
propriedade intelectual são as ferramentas para alcançar este objetivo. Neste
processo, as sementes camponesas, a base da agricultura, são consideradas
ilegais. A biodiversidade é corroída e substituída por monoculturas uniformes
em grandes escalas. Apropriação de terras dos camponeses, especialmente nos
países em desenvolvimento, é realizada sob o pretexto do desafio de “alimentar
9 bilhões de pessoas até 2050” por meio de suas tecnologias avançadas e
destrutivas.
No entanto, os povos do mundo estão lutando para derrotar a
captura corporativa, ocupando terras, plantio e protegendo suas próprias
sementes e também lutando em nível nacional e internacionalmente. Na ONU, a Via
Campesina e seus aliados continuam a lutando para a adoção da Declaração sobre
os Direitos dos Camponeses e outras pessoas que trabalham em áreas rurais para
garantir o reconhecimento e proteção para os mesmos grupos (os camponeses
produzem mais de 70% dos alimentos consumidos e nível mundial) que contribuem
grandemente para a realização do direito à Soberania Alimentar em todo o mundo. Um
tratado vinculativo para reverter o poder das corporações transnacionais e
fazê-los responsáveis pelos crimes que cometem é um próximo passo necessário.
De 12 a 16 de outubro de 2016, em um Tribunal Internacional da Monsanto em
Haya, País Basco terá lugar junto com a Assembleia do Povo para ouvir e avaliar
processos contra a Monsanto e outras empresas e determinar a responsabilidade
criminal.
Desde 2015, temos visto níveis sem precedentes de fusões
pelas poucas corporações do agronegócio na forma de fusões e aquisições como
Monsanto-Bayer, Dow-DuPont, Syngenta-ChemChina, Agrium Inc. e Potash Corp. Com
estas consolidações, apenas quatro empresas controlam mais dois terços da
produção mundial de insumos agrícolas, dando-lhes a capacidade de manter como
refém a agricultura mundial para os seus lucros. A fome e a pobreza vão piorar
na medida em que estas empresas que ganham enormes lucros por meio de
segregação, a diversidade de alimentos será reduzida e a impunidade reforçada,
bem como seu controle sobre as políticas agrícolas e dos Estados Soberanos.
Ao celebrarmos este dia, vamos fazer uma transformação
radical do sistema alimentar justa e digno para todos, com base nos princípios
da Soberania Alimentar, que reconhece as necessidades das pessoas, dá dignidade
e respeita a natureza, e coloca as pessoas acima dos lucros.
Soberania Alimentar Já!
Pela Soberania Alimentar e Terra com Solidariedade e Luta!
Por Via Campesina
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