O seminário reuniu nos dias
03, 04 e 05 de dezembro de 2016, na comunidade quilombola de Cambueiro no
município de Capim grosso, mais de 100 pessoas para discutir o tema, Mulheres,
Quilombo e Educação: o que temos e o que Queremos?
Este tema é visto pela organização como bastante
oportuno para o debate entre mulheres e homens, tendo em vista, no momento
atual a crescente onda de conservadorismo e de retrocesso nos direitos, que já tinham
sido conquistados por estes grupos nos últimos anos. Além, de problematizar a
ocorrência insistente e alarmante de casos de feminicídio no estado, que
majoritariamente vitima-a mulheres negra e empobrecidas.
A atividade é a concretização
de partes de um processo de reflexão e ação sobre o papel da mulher na
sociedade como um todo e na organização[MPA]; deste modo, a atividade se dar em
paralelo a uma sequência de trabalho de formação e empoderamento feminino no
campo. Para esta atividade foi feito um recorte para ser debatido, considerando
as especificidades das opressões sofrida pelas mulheres, todavia, tendo como
foco as mulheres negra, quilombola e camponesa. Deste modo, tivemos as
seguintes mesas temáticas:
1º dia: Politicas públicas
voltadas às mulheres camponesas na Bahia e as ameaças da conjuntura.
Facilitadora: Elizabeth Siqueira (Pró-semiárido);
Presença africana no sertão e
as comunidades quilombolas: cultura, organização e identidade no sertão da
Bahia. Facilitador: Profº. Fábio Nunes (UNEB);
Lançamento do 2º livro das
mulheres do MPA: diversidade Produtiva das mulheres do MPA.
2º dia: Mulher Negra
quilombola e os desafios da superação da violência e discrimição patriarcal.
Facilitadora: Rosana (CESE);
Comunidades quilombola e a
luta pela regularização fundiária e garantia de direitos frente ao golpe.
Facilitadora: Leila Santana (MPA)
Noite cultural com
apresentação de dança afro com o grupo de jovens do quilombo várzea queimada e
samba de roda com o grupo de Cambueiro.
3º dia: quilombola: o que
temos e o que queremos? Facilitadora: Saiane Moreira (MPA);
O MPA e o campesinato
quilombola: como estamos e como nos organizamos? Perspectivas e desafios.
Facilitadores: Zé de Jesus, Sirlane e Francisca (MPA).
A escolha para
trabalhar com estas especificidades, foi baseada nos altos índices como, por exemplo, ode feminicídeo, em que, hoje no Brasil, cerca
de 61% das mulheres que são mortas nestas condições são negras, bem como,
podemos ver que esses dados vão para 87% quando se refere a região Nordeste. No
caso da Bahia, estes dados sobre mortes por conflitos de gênero, são bem
assustadores, pois, este é o 2º estado no ranking nacional de mais mortes e é o
1º a nível de nordeste. Como diz o ditado, “contra fatos não há argumentos” e nestes
casos especifico podemos notar que não há coincidência nestes números e sim o
caráter machista e racista desta sociedade, pois, facilmente pode ser detectado
na realidade que a opressão e a exploração violenta vivida por estas mulheres
(negra, quilombola e camponesa) se dá, de modo em geral, de forma mais acentuada
e é invisibilizada pelas condições sociais de pauperização em que estás
enfrentam no seu dia a dia.
Além destes dados alarmantes, outro
fator notório é o avanço do capital aqui na Bahia para as áreas de comunidades
tradicionais como quilombolas e indígenas, o que por consequência joga ainda
mais estás mulheres a margem, na opressão, sujeitas e exposta as mazelas
produzidas pela lógica predadora do capital.
Assim o MPA visa
desenvolver as suas ações e formações no Estado da Bahia, a partir da região
Centro Norte e Sudoeste do Estado, na intencionalidade de articular as mulheres
negras, camponesas e quilombolas desta região, bem como as militantes já
atuante no movimento e também de outras organizações, com o intuito de oferecer
ferramentas de subsídios para empodera-las, de modo, que cada vez mais, estas,
possam enfrentar de forma massiva e organizada essa lógica opressora, racista e
exploradora da sociedade capitalista
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