Puxirão, Mutirão, Adjunto, Batalhão são as diversas formas de escrever e de falar dos camponeses nos mais distintos rincões desse país. Esses mesmos camponeses e camponesas organizados no Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), realizaram nesta terça-feira, 31 de janeiro o Lançamento Nacional do Mutirão da Esperança Camponesa, na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) em Guararema-SP.
Para o MPA o mutirão é mais que uma técnica de produção para os camponeses e camponesas. É uma expressão de solidariedade e confiança que surge nas situações mais difíceis da vida da comunidade camponesa. É com esse sentido que o Movimento está realizando em todo país durante o ano de 2017 uma mobilização e formação em todas as suas bases e junto com seus aliados, amigos e parceiros de luta, para analisar o momento histórico do país, debater os desafios que estes novos tempos nos apresentam, dialogar e conversar muito sobre o Brasil.
A Esperança para os camponeses e camponesas do movimento vai além de uma virtude, é uma forma de luta e afirmação. Acreditam numa sociedade digna e soberana, onde a vida e a esperança os move, que transforma, que faz crer em um novo modelo de produção e consumo para a sociedade.
O Mutirão da Esperança Camponesa é a frente de luta do MPA em defesa da produção de alimentos e o rumo para as conquistas da nova fase que se abre na história do Brasil.
Sobre o Lançamento do Mutirão
Além da participação dos camponeses e camponesas do MPA, o Lançamento Nacional do Mutirão da Esperança Camponesa contou com a presença de amigos, parceiros de luta do Movimento de todo país.
Zé Maria da Federação Única dos Petroleiros (FUP), destaca o desmonte que o Estado brasileiro vive. “É muito bom que as organizações estão vendo e discutindo sobre. A gente precisa aproveitar esse momento para fazer e criar essa liga”, referindo-se a necessidade que as organizações do campo e da cidade estão visualizando para enfrentar a atual conjuntura. Destaca ainda a importância de “fortalecer o diálogo com aquela parcela da sociedade que ainda não entendeu o eu está acontecendo”.
A voz da juventude tomou forma nas palavras de Rodrigo, representante do Levante Popular da Juventude, que destacou a contribuição do MPA na construção do Movimento. “A gente entende que o golpe é fruto da crise política e econômica, e quando olhamos para a juventude, uma crise social, representada pelas rebeliões que nos levam a pensar quem são esses jovens, na sua maioria pobres, negros e da periferia”.
Rogério do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), destacou a ousadia do MPA em construir um mutirão nestas proporções. Destacando “o avanço de uma direita fascista com a retirada de direito ao extremo de negar o direito à vida. O avanço dos movimentos passa por esse mutirão e eu venho em nome do MAB dizer que podem contar com a gente neste mutirão em todos os Estados”. Destacando ainda o legado dos 100 anos da Revolução Russa.
Para a CUT-SP (Central Única dos Trabalhadores) há um avanço do fascismo não só no Brasil, mas também internacional e o papel da imprensa neste processo. “No Brasil temos que comemorar os 100 anos da primeira Greve Geral”, afirma João Cayres, referindo a necessidade de olharmos para os próprios trabalhadores e a importância de dialogar com a parcela da sociedade que ainda não sabe, ou não entendeu o que estamos vivendo um golpe.
João Paulo do Movimento dos Trabalhares Sem Terra (MST), deu destaque ao que se referiu “a criação da tempestade perfeita com a crise política, social, ambiental e econômica, onde as saídas não serão fáceis, e que exigem um planejamento de médio e longo prazo”. Ele ainda chama a atenção para o quanto a América Latina se mantém como referências de resistência apesar dos ataques sofridos. Assim como, destaca as facetas do golpe midiático e paramentar quem tem como uma de suas saídas o tripé “luta, formação e organização, e com o Mutirão o MPA traz isso” afirma João Paulo.
Para a Central dos Movimentos Populares (CMP) se o golpe tem sido duro para os trabalhadores do campo, para os trabalhadores urbanos tem sido mais forte. “Do ponto de vista urbano é muito grande e só aumenta a responsabilidade de organização e luta, pois muita gente ainda não entendeu, não caiu a ficha que sofremos um golpe”, destaca Raimundo da CMP.
A Consulta Popular destaca a importância de recupera-se o projeto que os trabalhadores querem para o Brasil. Bolero enfatiza o papel da Esperança, “uma das grandes perdas com certeza é a Esperança”, a qual o MPA busca recuperar por meio do Mutirão. Porém ainda destaca que, “sem largar as lutas é preciso estudar, compreender este momento e reafirmar o que queremos”.
Entre os desafios apontados pela Consulta Popular é preciso construir uma base, uma proposta para o novo período e o MPA com o Plano Camponês cumpriu muito bem este papel, com a construção de um Programa Camponês que conseguiu aglutinar as forças sociais”, afirma Bolero.
Beni Eduardo do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), destacou a importância do Mutirão que o MPA tem se proposto a construir neste momento histórico, “um desafio que tem sido de todas as organizações que é o trabalho de base”. E relatou como tem se dado este trabalho junto aos trabalhadores que vivem em conflito do Capital Mineral, que segundo ele, é diferente dos demais movimentos.
Por sua vez e em nome de todos os camponeses e camponesas do MPA, Frei Sérgio destacou a importância e o objetivo de fazer-se um Mutirão da Esperança Camponesa. “Fazer um mutirão para quê? Para discutir o país, para discutir o Programa Camponês, o Plano Camponês, para discutir o que fazer nesse momento, para esclarecer porque há muita confusão no meio do povo, para discutir lá o dia a dia de como produzir alimento para ter comida na nossa mesa e também, porque muita gente está desesperançado achando que não tem mais jeito, ao contrário, o camponês sempre foi portado de Esperança, a Classe Camponesa sempre foi portadora de Esperança”.
A previsão é nos próximos dias os Estados em que o MPA está organizado realizem os lançamentos estaduais do Mutirão da Esperança Camponesa, assim como os trabalhos com amigos, parceiros de luta do Movimento.
Por Comunicação MPA
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