O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se colocou como pré-candidato à Presidência da República em ato público realizado em Curitiba (PR), na noite desta quarta-feira (10), em meio à Jornada pela Democracia, que reuniu 50 mil pessoas, segundo organizadores. A declaração foi dada durante uma manifestação popular em seu apoio, após seu interrogatório na Justiça Federal, que durou mais de cinco horas – o segundo mais longo na operação Lava Jato. O petista aproveitou para criticar a atuação do juiz de primeira instância Sergio Moro e reivindicou um julgamento justo.
“Estou vivo e estou pronto para ser candidato a presidente deste país. Nunca tive tanta vontade de mudar as coisas. Se a elite não consegue consertar o Brasil, o metalúrgico vai provar que pode”,  afirmou no palco montado na Praça Santos Andrade, na região central da capital paranaense.
O ex-presidente afirmou ainda que parte de sua vontade política vem justamente do processo de “perseguição” que vem sofrendo: “Não quero ser julgado por interpretações. Quero ser julgado por provas. Achei que hoje eles apresentariam documentos de que eu sou proprietário do apartamento. Não tinham nada”.
No ato público, Lula foi precedido por uma breve fala da presidenta Dilma Rousseff (PT), que condenou as políticas do atual governo. “Nem na ditadura militar ousaram retirar tantos direitos dos trabalhadores. Estão produzindo um retrocesso na Previdência que vai nos condenar. Eles deram o golpe porque perderam quatro eleições seguidas e sabiam que essa agenda jamais ganharia nas urnas”.
Justiça
Réu na Lava Jato, Lula se emocionou com a presença dos militantes na praça curitibana: “Jamais pude imaginar que um ônibus sairia do Acre para vir aqui me apoiar. Já participei de várias manifestações, nenhuma foi tão gratificante quanto saber que confiam em alguém que está sendo massacrado”.
“Eu disse a eles: a minha relação com vocês não é de candidato com eleitor, é de companheiros de luta. Se um dia eu tiver cometido um erro, não quero ser julgado apenas pela Justiça, quero ser julgado pelo povo. Eu não seria digno desse carinho, se eu tivesse alguma culpa e estivesse falando com vocês agora”, afirmou Lula. “Se um dia eu tiver que mentir para vocês, eu prefiro que um ônibus me atropele”.
Ao final da manifestação dos apoiadores, Lula chamou Ana Julia, liderança secundarista no Paraná, ao palco, afirmando que está anunciou sua filiação ao PT em solidariedade a ele. A jovem encerrou os discursos com um agradecimento: “É um honra estar com o homem que mais abriu portas para os estudantes”.
Os eventos pela democracia e em apoio a Lula que ocorreram em Curitiba nesta terça (9) e quarta-feira (10) foram convocados pela Frente Brasil Popular, em conjunto com a Frente Resistência Democrática e a organização Advogados pela Democracia.


Por Rafael Tatemoto – Brasil de Fato
Edição: Vivian Fernandes