O Pró-Semiárido é um projeto para o campo que não diverge com as pautas
do Movimento dos Pequenos Agricultores, muito se assemelha, segundo Marli
Fagundes, dirigente do MPA que está acompanhando o projeto “por esse projeto os
investimentos do governo do Estado, permite uma certa autonomia, são as
famílias que coletivamente decidem no que querem investir para a sua comunidade
e família, apesar dos limites que sempre existem quando o assunto é
investimento financeiro. Poder decidir, é extremamente importante para as
famílias que vivem no semiárido e trabalham com a ideia de convivência com o
semiárido. Realmente, tem sido um passo importante por parte do governo
investir nesse tipo de projeto. ” O projeto teve início no
mês de julho/2016. E segue em execução.
O
coletivo de comunicação realizou entrevista com engenheiro agrônomo, Jeferson
Marques, que cumpriu neste ano de execução do projeto com a função de Coordenador
Técnico da APAESBA (Associação de Pequenos Agricultores do Estado da Bahia), associação
ligada ao Movimento dos Pequenos Agricultores, explica sobre o que é o projeto,
onde está sendo executado, como está sendo feito e público beneficiado.
Segue abaixo a entrevista na íntegra.
(V. C.) O
que é o projeto?
(J.M.) O
projeto Pró-Semiárido é parte integrante de um conjunto de compromissos do
Estado para seguir avançando na erradicação da pobreza, levando serviços e
investimentos diretamente para a população. Entre as ações previstas
no Pró-Semiárido estão a construção de agroindústrias, sistemas de
abastecimento de água, formação técnica para produtores e atuação em redes de
cooperação sócio produtiva. Por meio do projeto, da Secretaria de
Desenvolvimento Rural (SDR), o Governo do Estado vai realizar investimentos
cerca de R$ 300 milhões para ajudar 70.000 famílias a conviverem melhor com o
semiárido, em 32 munícipios do sertão baiano.
(V.
C.) Quem está organizando e quem será beneficiado?
(J.M.) Executado
pela SDR, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Rural (CAR), o
projeto busca promover a otimização, a capacidade de organização e a gestão no
campo, com geração de renda nas atividades agropecuárias. Os recursos serão
provenientes de empréstimo com o Fundo Internacional para o Desenvolvimento
Agrícola (Fida).
(V.
C.) Onde está sendo realizado?
(J.M.) Os
32 municípios estão localizados na região semiárida do centro-norte do estado, divididos
em cincos Territórios de Identidade do semiárido baiano: Sertão do São
Francisco, Piemonte Norte de Itapicuru, Piemonte da Diamantina, Bacia do
Jacuípe e Sisal. Localidades essas, com mais baixo índices de pobreza e que tem
como público-alvo as populações pobres das comunidades rurais. O projeto tem
como objetivo melhorar as condições de vida da população, através de um
processo de desenvolvimento econômico e sociocultural, ambientalmente
sustentável e com equidade de gênero.
Os municípios que serão contempladas são: Capim Grosso, Quixabeira,
Várzea do Poço, Caem, Jacobina, Mirangaba, Ourolândia, Saúde, Serrolândia,
Umburanas, Várzea Nova, Miguel Calmon, Andorinha, Antônio Gonçalves, Caldeirão
Grande, Campo Formoso, Filadélfia, Jaguarari, Pindobaçu, Ponto Novo, Senhor do
Bonfim, Itiúba, Queimadas, Casa Nova, Curaçá, Juazeiro, Remanso, Sento Sé,
Sobradinho, Uauá, Campo Alegre de Lourdes e Pilão Arcado.
(V.
C.) Como está sendo feito?
(J.M.) O
projeto possui três componentes, através dos quais realiza investimentos e
serviços de apoio ao desenvolvimento, quais sejam: Desenvolvimento Produtivo e
Mercado, Desenvolvimento de Capital Humano e Social e Gestão, Monitoria e Avaliação.
Por meio de contratos
firmados com 10 entidades de assistência técnica e extensão rural (ATER), são
construídos os planos de desenvolvimento e investimento nas comunidades, onde
são desenvolvidas diversas atividades junto as comunidades e aplicadas ferramentas
que possibilitam conhecer a fundo as características de cada localidade e
realidade ali vivenciadas, todo processo é acompanhado por dois técnicos
contratados pela CAR, onde um com formação em desenvolvimento social e o outro
desenvolvimento produtivo. O projeto utiliza uma metodologia de formação de
Territórios rurais (TR), onde os mesmos são construídos a partir de uma média
de quatro (04) comunidades, e que essas possuem características semelhantes em
diversos aspectos, tais como: cultura, social, produtivo, religioso, entre
outros. As comunidades elegem as atividades que desejam que sejam conveniadas,
cada atividade é chamada de Grupo de Interesse (GI), para os investimentos
destas atividades produtivas, bem como, as atividades de caráter social, o
convênio se dá através de associações comunitárias e que essas estejam
presentes dentro de uma das comunidades do (TR).
Dentre as dez entidades
contratadas, uma delas é a Associação de Pequenos Agricultores do Estado da
Bahia – APAESBA, instrumento jurídico ligado ao Movimento dos Pequenos
Agricultores (MPA). A atuação da APAESBA, se dá nas comunidades dos municípios
de Caém, Jacobina e Várzea Nova, sendo 9 territórios rurais, formados a partir
de 39 comunidades. Sua equipe técnica é composta por 10 profissionais, onde: 1
Engenheiro Agrônomo (Coordenador Técnico), 1 técnica em Zootecnia (Técnica de
campo), 1 técnica em Agroecologia e Agroindústria (Técnica de Campo), 7
Técnicos (as) em Agropecuária (Técnicos de Campo). Cada técnico de Campo
acompanha um território rural, onde as atividades previstas no contrato já
foram finalizadas (Construção dos Planos de Desenvolvimento e Investimento).
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