A riqueza do II Festival das
Sementes Crioulas da Bahia se apresenta na identificação das variedades de
sementes crioulas trazidas pelos camponeses/as dos 54 municípios do estado. A
possibilidade da troca de sementes crioulas fez com que a maioria trouxesse
para o festival, na perspectiva de compartilhar com outros companheiros/as, bem
como adquirir variedades diferentes e assim poder reproduzir na sua
propriedade. Dentre eles/as, 26 camponeses/as foram destacados pela quantidade
e variedade de sementes crioulas trazida para o evento. Três delas/es receberam
simbolicamente uma plantadeira manual como reconhecimento e valorização pela
prática desenvolvida. Sendo, 1º colocada Jessi Meira Soares de Bom Jesus da Serra
(72); 2º de jacobina (52); 3º Ananias de Deus Oliveira de Vitória da Conquista
(24).
Dona Adelice Pereira dos
Santos, que veio do município de Jacobina foi uma das camponesas que apresentou
52 variedades e ficou como a segunda colocada na pesquisa. Segundo ela “a gente
planta a semente para ter, para trocar, para vender, planta no período de chuva
e quando chega o tempo de sequeiro eu planto na minha área de terra irrigada”. Ela explica como produzir e guardar as
sementes “uma sementinha que você tem, se você tiver cuidado, de uma semente
você faz um tanto, porque você vai colher, não vai tirar todinho, tem que
deixar um pouco para secar e guardar, eu guardo minhas sementes em garrafa
petit”. Conclui.
Na ocasião, foi possível identificar
a quantidade de variedades de sementes crioulas trazida pelas entidades
parceiras: a SASOP – Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais
trouxe 47 variedades; o CEDASB - Centro de
Convivência e Desenvolvimento Agroecológico do Sudoeste da Bahia 79
variedades e por fim, o MST da Chapada trouxe 18 variedades.
Há cerca de dois anos, em dez municípios
baianos, iniciou-se o resgate de sementes crioulas a partir do projeto “Semeando
Soberania”, com a produção e a multiplicação em 32 hectares de área de terra
irrigada no norte e no sudoeste da Bahia. Durante este período mais de 500
famílias se comprometeram na produção e armazenamento, porém, vale lembrar que
esta é uma pratica milenar, (plantar, colher, armazenar, reproduzir, ceder, beneficiar, trocar e
vender) são ações culturais comum aos camponeses/as há muitos séculos. Este projeto desenvolvido pela
Cooperativa Mista de Produção e Comercialização Camponesa da Bahia (CPC Bahia),
entidade ligada ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) cumpre a função de
reafirmar valorizando a prática camponesa.
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