Elas vieram de diferentes municípios e comunidades, algumas sem-terra, assentadas, quilombolas, camponesas, educadoras, líderes comunitárias ou agentes de programas e projetos governamentais. Esse grupo tão diverso não hesitou em relatar suas realidades e experiências porque trazia consigo um sentimento comum à todas: continuarem unidas na defesa e na garantia dos direitos das mulheres, sejam elas do campo ou da cidade.

Este foi o tom do encontro de Articulação e Construção de Parcerias de Luta das Mulheres do Território do Piemonte Norte de Itapicuru, que ocorreu na última sexta-feira (13), na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Senhor do Bonfim (BA).

O encontro, que contou com mulheres representantes de movimentos sociais e organizações públicas e comunitárias, foi importante para articular e construir parcerias nas lutas e enfrentamentos inerentes às mulheres da região e, ao mesmo tempo, criar perspectivas para desenvolver um processo coletivo de fortalecimento das entidades e suas lutas pela inclusão das mulheres rurais e urbanas, desencadeando na formação e estruturação destes grupos e organizações.

A assessora do encontro, Elisabeth Siqueira, que trabalha a temática de gênero, geração, raça e etnia, junto à Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado da Bahia, disse que a diversidade de representações, que superou a expectativa do encontro, mostrou um prognóstico do poder de organização e mobilização dessas mulheres, além de apresentar o mapa das demandas e estratégias que elas precisam continuar discutindo. “Acho que elas vão voltar para suas comunidades e grupos, agora com propostas mais concretas”, declarou Elisabeth ao perceber a capacidade dessas mulheres para o fortalecimento de uma rede que será construída na região.

Para Cristina Viana da Silva, pedagoga, militante do direito das mulheres negras e representante da Secretaria de Educação de Senhor do Bonfim e da Câmara Territorial de Mulheres, um encontro tão diverso e propositivo como este, tende a não só mostrar as grandes dificuldades e bandeiras de lutas das mulheres como também apontar soluções para o enfrentamento dessas lutas feministas. Na opinião da pedagoga, encontros como este deve acontecer mais vezes para fortalecer ainda mais a luta das mulheres em todos os níveis, inclusive na proposição de políticas públicas.

A agricultora Lucia de Almeida, do Assentamento Nelson Mandela, no interior de Ponto Novo, não escondeu a felicidade de poder estar discutindo sua realidade enquanto agricultora e ao mesmo tempo, conhecendo tantas experiências de outras companheiras de diferentes regiões e realidades. Ela lembra que esse tipo de encontro serve para que as mulheres acordem e busquem se libertar da opressão do machismo, por exemplo, que, infelizmente ainda é uma realidade na vida de muitas mulheres.

Após fazerem um levantamento sobre a realidade social, política e econômica, com destaque para o processo de participação e empoderamento das mulheres do campo e da cidade, foram apontadas muitas propostas que serviram de base para atuação dessas mulheres organizadas em grupos e entidades.

A ampliação das experiências de redes e de grupos de discussões acerca das lutas feministas e de gênero, fortalecimento da identidade cultural, oficinas de formação e conscientização política e realização de eventos sobre a realidade das mulheres, foram algumas das propostas levantadas pela plenária após um trabalho de grupo que procurou especificar um pouco das experiências e vivências dessas mulheres organizadas em seus municípios e entidades presentes no encontro.

Estiveram presentes neste encontro representações dos municípios de Senhor do Bonfim, Itiúba, Ponto Novo, Campo Formoso, Queimadas, Pindobaçu, Antônio Gonçalves e Andorinhas, por meio de  organizações comunitárias e de movimentos sociais como dos Trabalhadores sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Sindicatos  e Associações e Rurais, Grupos de Economia Solidária e entidades como: Irpaa, Cactus, Aresol, Idesab, além de representes do poder público  como: CREAS e a  Secretarias de Educação e Ação Social.

A atividade integra o Projeto Pró Semiárido, executado em 32 municípios baianos com recursos do Fida (Fundo Internacional para Agricultura) através da Car (Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional), órgão da SDR (Secretaria de Desenvomvimento Rural).



Por Agência Chocalho