Depois de dois dias realizando atos inter-religiosos em frente a residência do Ministro Fachin, do Supremo Tribunal Federal, hoje (14) foi dia de o grupo de sete grevistas de fome manifestarem-se em frente ao próprio STF, contando com a presença do Nobel da Pazl Peres Esquivel, do ex-presidente da OAB, Marcelo Lavenère, e do dirigente do MST e Via Campesina, João Pedro Stédile.

Como de costume nos encontros anteriores, Vilmar Pacífico, Jaime Amorim, Zonália Santos, Rafaela Alves, Luiz Gonzaga (Gegê) e Leonardo Soares contaram com a presença de diversas representações do Sagrado cujos celebrantes estão comprometidos com a defesa da democracia e o combate à fome, reafirmando a posição de solidariedade aos 15 dias de privação de alimentos que os ativistas estão sujeitos.  A ausência notada na programação foi do franciscano Frei Sérgio Görgen, que manteve-se resguardado junto ao Centro Cultural de Brasília para se preparar para audiência que seria realizada na tarte com a presidenta do STF, ministra Carmen Lúcia.

O ato foi organizado pelos movimentos populares que integram a Frente Brasil Popular e faz parte da Jornada Nacional de Lutas pela Democracia com o objetivo denunciar a volta do Brasil ao Mapa da Fome da ONU, o abandono dos mais pobres – sobretudo as pessoas em situação de rua, das periferias, os negros, indígenas, camponeses, sem-terra, assentados, quilombolas e desempregados -, e pela liberdade do ex-presidente Luís Inácio lula da Silva.

Rafaela Alves, destacou o porquê da Greve de Fome. “Pelas nossas águas, pela soberania nacional, pelos nossos minérios, pelo nosso petróleo, pela nossa dignidade, pelos nossos sonhos, pelas gerações presentes e futuras, nós continuaremos marchando de cabeça firme e erguida, muito dispostos”, afirmou. “Nosso corpo está ficando mais fraco, mas a nossa consciência todos os dias se indigna um pouco mais porque a justiça do nosso país é muito lenta, irresponsável e descomprometida e mata muitas vidas todos os dias”, acrescentou a grevista, assinalando ainda que os pleitos do manifesto emitido pelo grupo pedem que a justiça retome o seu papel de estar à serviço do povo e não vinculada a interesses políticos ou financeiros. Conforme relatou Rafaela, cabe à suprema corte a decisão certa para que não se tenha a necessidade de velar os corpos de companheiros e companheiras que participam de uma Greve de Fome junto ao espaço do STF”.

Esquivel destacou a importância da Democracia para que o país tenha paz. “Tudo isto é para pedir à justiça, a verdade, para que o companheiro Lula recupere sua liberdade”, comentou. O Nobel buscou nas referências do Evangelho o norte utópico que ampara as ações que vem sendo desenvolvidas em Brasília na defesa da democracia e da Constituição brasileira: “Me coloco a serviço do povo, dos mais pobres, dos mais necessitados que são aqueles que são mais amados pelo Senhor, assim como vocês venho pedir e desejar muita força, saúde e esperança para vocês e para Lula”, dirigindo-se aos grevistas. E ainda completa: “as diferenças vamos superando à medida que vamos caminhando, assim como farta-se de um abraço solidário e irmão”.

O ato contou ainda com a presença de quinze parlamentares que vieram prestar apoio e solidariedade e de um grupo de cerca de 30 indígenas do povo Kaigangue, do Rio Grande do Sul. Após este momento de celebração e denúncias o grupo retornou aos Centro Cultural de Brasília onde tem recebido as visitas.



Por Adilvane Spezia e Marcos Corbari | MPA e Rede Soberania

Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania