O Brasil se destaca como maior consumidor global de agrotóxicos. Orgulho nacional, entre os anos 2000 e 2012, a lavoura de soja passou a consumir o triplo de agrotóxicos por hectare plantado. No período, a produtividade em grãos por tonelada de herbicida aplicado cresceu apenas 18%. Isso equivale a uma redução de rendimento da ordem de 43% em termos de volume colhido por litros de herbicida utilizado.
Com isso, aumentam os lucros dos vendedores de veneno - que estão presentes nos alimentos, na água que bebemos e até no leite que as mães oferecem, no peito, a seus bebês - bem como dos vendedores de remédios para controlar os males causados pelos venenos. É o caso de empresas como Bayer, que fabricam venenos e remédios.
Como evitar que a sociedade tome conhecimento destes fatos? Calando os cientistas que, responsavelmente, os denunciam. E desativando unidades de organização, representação e defesa do consumidor. Exatamente o que este governo tem feito. Os líderes das pesquisas acima citadas sofrem perseguições; entidades como o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) se encontram ameaçadas de extinção pela MP 870, de 1º de janeiro de 2019.
Resulta que, em pouco mais de um mês de governo, avançam rápido os perigos que ameaçam a todos nós. Desde primeiro dia do ano já foram liberados 57 novos agrotóxicos no mercado brasileiro. Assim, o agronegócio passa a dispor de 2.123 “alternativas para controle” do que não lhes agrada no território rural brasileiro.
Felizmente, parte da sociedade que votou no governo Bolsonaro, percebendo-se tão ameaçada quanto enganada, está acordando da letargia. Foram apresentadas 540 emendas à MP 870, boa parte delas em defesa do CONSEA, que já soma manifestações públicas de apoio por parte de mais de 40 parlamentares, entre senadores e deputados federais. Isto crescerá com o empenho de todos.
Mais importante, portanto, é a reação da população, que tem agendado, em todas as capitais e em várias cidades do interior, atividades públicas de apoio ao CONSEA. Será o Banquetaço, de 27 de fevereiro. Em defesa da qualidade de vida, da segurança e soberania alimentar, em defesa do futuro do Brasil. Informe-se em seu Estado, participe e ajude a divulgar.
Referências Bibliográficas
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* Leonardo Melgarejo é vice-presidente regional sul da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA). Murilo Mendonça Oliveira de Souza é coordenador do GT agrotóxicos e transgênicos da ABA. Ambos fazem parte do Movimento Ciência Cidadã e são colaboradores da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
Edição: Daniela Stefano
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