No dia 25 de janeiro o mundo presenciou mais um crime cometido pela mineradora VALE em Minas Gerais. Privatizada em 1997, a empresa é reincidente em assassinatos, matou 19 pessoas com a sua comparsa BHP Billiton em Mariana e na região de Brumadinho já há confirmação de pelo menos 134 vítimas fatais podendo ampliar esse número e chegar a um total de mais de 300 pessoas. O maior massacre social causado por uma empresa em nosso país.
Os danos ambientais também são preocupantes, foram aproximadamente 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos que contaminaram a Bacia do Rio São Francisco, atingindo primeiramente o Rio Paraopeba e chegará no Rio São Francisco através da Hidrelétrica de Três Marias. Já são 90 quilômetros de rio morto, intoxicado por metais pesados presente na lama. E aí está o grande risco para nós nordestinos. 

É bem provável que o rejeito, ou seja, a parte densa da lama seja contida nas hidrelétricas de Retiro Baixo e Três Marias, no entanto as barragens em algum momento terão que liberar a água que está contaminada com os metais pesados para também não romperem. Segundo o informativo de 30 de janeiro do Instituto Mineiro de Gestão das Águas, foram encontrados no Rio Paraopeba índices acima do normal de níquel, chumbo, mercúrio, cádmio, zinco, entre outros metais pesados bem como baixo oxigênio na água, grande turbidez entre outros índices fora do padrão.

Ainda não é possível dimensionar qual o nível de contaminação que o Velho Chico sofrerá, mas será inevitável. São mais de 500 municípios que dependem de suas águas, são pessoas, comunidades, todo um rio, está em risco em uma região semiárida que depende dessa grande riqueza. 

É importante que os estados do Nordeste banhados pelo Rio monitorem o avanço dessa contaminação, na perspectiva de antever os problemas construindo, se necessário, alternativas que minimizem mais esse crime causado pela ganância da VALE, que coloca o lucro de seus acionistas acima da vida.

É inadmissível que mais esse crime permaneça impune, os diretores, responsáveis por essa empresa devem ser presos e responder criminalmente pelos seus atos. Seguiremos em luta, defendendo o Velho Chico e os direitos das populações atingidas.



*Moisés Borges é militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)

Edição: Monyse Ravenna